(Retirada da Net)
Terminei há muito pouco tempo uma formação sobre a Avaliação do Desempenho Docente. Não fiz esta formação por causa dos créditos e não foi a primeira vez que fiz formação. Há imensas pessoas que pensam que agora é que os professores são obrigados a fazer formação. Pois, é um engano. Em 16 anos de ensino sempre fiz formação e depois de ter efectivado sempre fiz, no mínimo, formação anual de 25 horas. Portanto, isto para mim não é novidade. Ah, e também sempre fiz formação na minha área ou em áreas que considerava importantes para a minha formação, como por exemplo, em Powerpoint. Dar aulas e fazer apresentações em Powerpoint é uma mais valia e bem mais agradável para quem assiste. Há um potencial inesgotável de coisas que se podem fazer (como as olimpíadas da História, por exemplo, e que os alunos tanto gostam).
Quando o formador (uma pessoa bem conhecida do meio político e da educação, mas que não vou dizer o nome, por várias razões) me perguntou, na primeira sessão, a razão da minha escolha por aquela oficina de formação respondi: «Quero perceber até que ponto este modelo de avaliação poderá contribuir para a melhoria do meu desempenho enquanto docente.»
O olhar espantado de alguns dos colegas foi notório. Quase todos haviam dito que precisavam de aprender como preencher esta ou aquela ficha (de objectivos, de observação de aulas, de auto-avaliação, etc., etc., etc.). Não tenho por hábito mentir e, por isso, disse a verdade.
Agora a verdade vai ter de ser escrita e é aqui que a porca torce o rabo. A verdade é que a minha convicção no início da formação se fortaleceu ainda mais: ESTE MODELO DE AVALIAÇÃO É, TÃO SÓ, UMA MEDIDA ECONOMICISTA. Em nada servirá, a meu ver (e provem-me o contrário, por favor) para melhorar o meu desempenho, em nada servirá para destacar os «melhores professores». Pelo contrário, servirá para destacar os que mais holofotes ligarão para as aulas assistidas e para as poucas acções que realizaram , realizam ou realizarão, bem como para destacar quem os Conselhos Executivos e as Direcções quiserem.
Sou congruente com aquilo que digo e para que conste nem para o MUITO BOM estou a trabalhar. Fiz greve, participei nas manifestações.... ter aulas assistidas não iria fazer qualquer sentido com aquilo que sempre defendi e por aquilo que lutei.
Nem por isso deixo de fazer as coisas para os meus alunos. Não faço só porque contratualizei. Aliás, confesso, às vezes tenho vontade de fazer só mesmo o que contratualizei nos objectivos, porque é por isso que vou ser avaliada (para o BOM, entenda-se), mas..... o mais importante são os alunos (e não é demagogia nem para ficar bonito). Gosto de estar com eles, de dar aulas, de ensinar, de os ouvir, de os esclarecer, de os preparar para a vida.
Por tudo o que me disseram na oficina de formação não resisti, na última sessão, em dizer ao formador qualquer coisa deste género. «POR TUDO O QUE FOI DITO, ESTOU CADA VEZ MAIS CONVICTA DE QUE SOU UMA PROFESSORA EXCELENTE».
Se pensam que vou por fotografias das coisas que fiz.... desenganem-se. É-me pedido um portfólio e não uma capa onde guardo os trabalhos que realizei na primária - agora 1º Ciclo.
Em síntese, AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOCENTE, é uma medida economicista, que visa apenas a poupança de alguns euros (pena que não se pense o mesmo em relação aos administradores de algumas empresas e bancos, mas enfim), que visa premiar os «preferidos», que em nada acrescenta de benéfico à minha competência nem ao perfil que me é exigido.
(Só um aparte e uma curiosidade: fiquei a saber que a Senhora Ministra da Educação foi aluna na escola onde dou aulas ).