No Sábado, entre as dores de dentes e de cabeça da Maria (não sei mesmo o que se passa com a miúda), lá consegui espreitar o Tele Jornal na SIC.
Estava a dar uma reportagem sobre pais de crianças portadoras de Síndrome de Down que recorrem a cirurgias plásticas para mudarem as características destas crianças.
De imediato mandei uma sms ao meu irmão Zé: «vê a SIC». Resposta: «Estou a ver».
Nem queria acreditar no que estava a ver.... Não quero julgar, porque só quem tem um filho assim sabe as descriminações de que é alvo, a falta de tolerância, a não aceitação da diferença e por aí fora.
Mais troca de sms no decorrer da reportagem:
«Vou fazer uma operação à Diana»
«És mesmo apanhadinho. Só tu para me fazeres rir com uma coisa destas.»
«A MINHA FILHA É LIIINDA »
E é... A Diana é uma menina Linda, com um ar de ternura que só visto, com uns olhos que irradiam felicidade.
O que vale mudar o aspecto exterior? Serão as crianças portadoras de trissomia 21 quem beneficiarão com essa mudança? Ou serão os pais?
Será isto uma forma de proteger? Ou será antes uma forma de ocultar, de rejeitar?
Sei que não é fácil. A sociedade não está de todo preparada para a diferença. Criou-se um estereotipo de beleza, de comportamento, de sociedade... tudo o que vai para além, é rejeitado, posto à margem.
Não há que proteger, há que informar que a diferença existe e que temos de aceitá-la.
Afinal, não andamos sempre a apregoar que não somos iguais a ninguém, que temos uma personalidade muito própria, que pensamos de forma única..... Que contra censo !
Lembro-me muito bem, ainda, das horas que o meu irmão passava a «espreitar por entre as grades da escola» a Diana nos intervalos... queria saber se era feliz, se era aceite pelos pares, se não a rejeitavam. É Fácil? Claro que não. Há sofrimento nisto? Tanto que nem consigo imaginar.
E se a Diana tivesse sido sujeita a uma intervenção cirúrgica deste género? O seu pensar teria mudado? A sua maneira de falar, de agir, o seu comportamento teriam sido também mudados?
Somos aceites pela aparência ou pelo que somos no seu todo? Que pais somos nós se não educamos os nosso filhos para aceitarem as diferenças?
Sim (desculpem-me a revolta), mas as crianças que hoje temos nos bancos das nossas escolas, nos jardins, nos parques... são fruto da educação que lhes damos em casa.
Mais, pergunto-me: Onde está o programa do governo (e não é só deste) sobre os empregos protegidos? Onde estão os terapeutas e os professores de ensino especial? Integrados em escolas públicas? Não me parece...