Não posso deixar de estar inquieta e apreensiva face ao NOVO ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE.
Vivemos dias em que o sucesso escolar é uma prioridade para todos nós, para toda a comunidade educativa. Sucesso escolar implica, entre outras e muitas coisas, encontrar, aplicar estratégias diferenciadas a cada educando, tendo em conta toda a sua especificidade enquanto individuo.
Pergunto: será que as visitas de estudo (a aprendizagem in loco) não fazem parte dessas estratégias? Se fazem, porque não as podemos promover? Porque é que as faltas, em serviço, mesmo quando as restantes turmas ficam asseguradas e com planos de aula feitos atempadamente, contam para os 95% das aulas dadas, contam para a avaliação de desempenho? Não percebo, não faz sentido.
A grande maioria dos docentes é colocada a quilómetros de distância da sua casa. Estão sujeitos a inúmeras condicionantes, estão sujeitos a obstáculos que lhes são externos, como por exemplo, acidentes de viação (dos próprios ou de terceiros) que, obviamente poderão condicionar a sua chegada ao 1º e 2º toques. Pergunto: como justificaremos essas faltas? Os «artigos 102», de acordo com o novo estatuto, terão de ser «metidos» com 3 dias de antecedência. Como é que se prevê um acidente? Como é que se prevê uma indisposição, como é que se prevê uma «queda num charco de água»? Perguntas que podem parecer idiotas, mas «os azares» acontecem.
Os professores são colados 1 ano no Porto e no ano seguinte no Algarve . Onde está o trabalho contínuo que se pretende? E os projectos que se iniciam na escola anterior onde ficam? Recomeçam, ficam apenas pelo começo? Os testes de diagnóstico são elaborados, analisados e são tiradas as várias conclusões dessa análise. Os problemas comuns e individuais são trabalhados ao nível dos conselhos de Turma. Há toda uma despistagem que é feita por aqueles docentes, cujo seu trabalho é assente naquela realidade.
Todos sabemos que os projectos não surtem um efeito imediato, mas a médio e a longo prazo. Ora, se passado um ano as condições mudam, os professores são outros, pergunto: Quem dará continuidade? Não estaremos sempre a voltar ao início, a recomeçar, não estarão os nossos objectivos sempre adiados?! Será esta a nossa grande MOTIVAÇÃO???
Quantas são as escolas sem condições (é verdade, as notícias dão-nos conta que todas as escolas estão devidamente equipadas, com salas de aulas que reúnem todas as condições para a prática docente e para um ensino com sucesso), quantas são as escolas cujos pavilhões são «contentores», cujas paredes têm infiltrações de água, sem aquecimento, sem luz natural, sem materiais e equipamentos considerados básicos?
Bem sei que a maior parte dos alunos, filhos de pessoas «que têm direitos» não frequentam as escolas públicas e, por isso, não estarão sujeitos a estas condicionantes. E os restantes 2 milhões?!
Este pequenos apontamento fica por aqui, mas terá em tempo útil, continuação.