Dia 9 de Janeiro de 2009, dia em que me deu vontade de aqui escrever.
Vou escrever sobre várias coisas, sem me preocupar se têm nexo, se são despropositadas, com alguma pertinência. Não me importo se o meu blog é de índole política, pedagógica, generalista, pessoal, com interesse ou sem interesse. É um espaço meu e isso basta-me. Tipo a minha casa, onde faço o que me apetece e onde deixo por fazer o que não me apetece.
Este ano, ao comer as 12 passas, não me lembrei de fazer nenhum pedido especial, a não ser saúde. Dei por mim a lembrar-me da anterior passagem de ano, nas 12 badaladas que me pareceram um número de mágica, onde um segundo me pareceu que iria resolver toda a minha vida, como que por milagre, onde pensei que iria ter toda a força do mundo para mudar coisas que até ali tinham sido imutáveis. Lembrei-me de pensar que tinha a força dos 20 anos, em que o espírito revolucionário invadia o meu viver, em que tinha forças para mover montanhas e nada me podia deter.
Este ano pensei que estava a ser mais racional e a verdade é que a euforia daquele segundo não me encheu de esperanças, mas de clarezas, de certezas de lutas que tenho de travar, de fantasmas que tenho de vencer e afastar. Não estou a ser pessimista, mas realista. Deixei de sonhar? É uma das questões que me coloco, mas que não tenho resposta. Acho que tenho outros sonhos, outras convicções, outras certezas. Um segundo não me chegou.... preciso de 365 dias, de 730 dias, de todos os dias que me restam para viver, para aprender a viver, para me aceitar e não viver falsas realidades.
Tive vontade de nunca mais aqui voltar; dei por mim a pensar que tudo isto é um disparate, que os blogs como o meu só existem porque vivemos cada vez mais sós, mais isoladas nas nossas lhas, que tudo aqui era falso. Depois pensei que, afinal, esta forma de relacionamento não é tão diferente da realidade, que por detrás de um blog está uma pessoa que pode ser verdadeira, falsa, sincera, hipócrita, política, economista, médica, psicóloga, conhecedora ou finjidora..... mas tudo isto é também assim na vida real. Desengane-se quem pense que a blogosfera é diferente da vida que todos nós temos lá fora.
Este ano, ao bater das 12 badaladas, a minha filha abraçou-me, desejou-me um bom ano e as suas primeiras palavras foram: «Um excelente ano para ti mãe. Para o ano vou passar a passagem de ano com as minhas amigas». Sorri, achei-lhe piada, mas esta é a realidade que me espera.
Sempre passei a passagem de ano com a minha filha, nunca a deixei em casa dos avós, talvez porque a sua 1ª passagem de ano foi passada no hospital de S. Francisco Xavier, onde pude ver a sua fragilidade, onde pude aperceber-me que era mãe, que aquele ser precisava dos meus cuidados, da minha protecção, da minha vida se fosse necessário. Há 13 anos que vivo por ela e para ela, que deixei de ter vida própria, que deixei de ser mais do que mãe e profissional, que deixei de ser a Fátima para passar a ser a mãe da Maria. Arrependo-me? Nunca. Voltaria a fazer tudo de novo e não a vou prender. Vou deixá-la crescer, viver a vida que lhe pertence e para a qual a estou a encaminhar.
Dei por mim a pensar numa mensagem que há tempos enviei ao meu irmão e que ele guardou religiosamente, tal como lhe havia pedido. Às vezes sinto vontade de o fazer....
Só ainda não percebi uma coisa: porque é que não desistem de mim? Não sou nada e nada tenho para dar.