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Bem sei que deveria estar a responder e a agradecer a todas as pessoas amigas que por aqui passaram a felicitar-me pela filha LIIINDAAA que tenho, mas estou com uns nervos que só visto.
Não posso dizer outra coisa senão que este modelo de avaliação de docentes é uma palhaçada traduzida em números, como se de venda de automóveis se tratasse.
Estive a preencher os meus objectivos. Custou-me, claro, mas que remédio. O que constatei? Que não interessa como fazemos, mas os números que apresentamos. Tudo se reduz a números. Agora tenho de quantificar tudo: quantas fichas de actividades faço (não interessa a qualidade delas nem se os alunos aprendem alguma coisa), quantos telefonemas faço ao longo do ano para os Encarregados de Educação (não interessa os motivos, o assunto, nem que seja para dizer um simples «bom dia», o que interessa é o número final... 'o sempre que necessário' é muito subjectivo), agora tenho de realizar 2 visitas de estudo por ano (não interessa onde e porquê, mas quantas faço), agora tenho de dizer que me proponho reduzir 10% das faltas dos meus educandos e reduzir o abandono escolar (como se agora mandasse nas possíveis doenças que os educandos possam ter ou na vontade das famílias em mandá-los para a escola), agora tenho de fazer futurologia e dizer que me proponho aumentar o sucesso em não sei quantos por cento (como se as notas dependessem só de mim, da minha vontade, do meu querer, como se avaliação não dependesse também dos educandos, MAS O QUE INTERESSA SÃO OS 4, OS 5 que vou ter de dar para atingir essa meta), agora tenho de me comprometer a ter reuniões mensais com os professores da minha direcção de turma (até tenho semanais, mas como posso ter de faltar a alguma... o melhor é escrever uma por mês e assim facilmente ultrapasso o meu objectivo e obtenho excelente neste item), agora tenho de atribuir uma ponderação a cada um dos meus objectivos (como se o trabalho do professor não fosse um todo, um conjunto de itens indissociáveis, como se pudesse ser espartilhado: sou 25% competente para fazer contactos com os Enc. Educação, 30% para ser Directora de Turma, 40% para as práticas pedagógicas.... Não é tudo uma prática pedagógica?!!!!)
Estou parva com tudo isto. É assim que vamos «mostrar» que somos bons ou maus professores?
O que me parece e esta é a minha leitura, é que este governo, independentemente da cor que tenha, quer aumentar o erário publico à custa dos funcionários públicos e sobretudo dos professores.
E que tal senhor primeiro ministro começar a reduzir nos telefonemas que faz e que estão previstos nas suas despesas mensais e que só para telemóvel gasta cerca de 10 mil euros?????? E que tal começar por diminuir o número de assessores do seu gabinete?????? E que tal deixar de distribuir Magalhães, quando as fotocopiadoras não funcionam, quando dicionários não chegam às escolas, quando as salas de aulas não têm as condições básicas para um bom ambiente?
Vamos deixar de ser hipócritas e mais papistas que o Papa.
A educação está mal? Pois está, não duvido. Mas a culpa não é dos professores... mas dos que pensam como quem governa, distanciados da realidade que é hoje a nossa sociedade.
Por isso, sinto-me à vontade para desafiar quem quer que seja a ver e analisar as folhas de objectivos individuais que entreguei e que me convença que aquilo que ali nos é pedido/exigido «É DO INTERESSE NACIONAL».